Resenha: O Começo do Adeus




O Começo do Adeus
Aprendendo a se despedir...


Autora:
 Anne Tyler
Editora: NOVO CONCEITO
Ano de Lançamento: 2012
Número de páginas: 206
I.S.B.N: 978-85-8163-039-7
Sinopse

Anne Tyler nos leva a um romance sábio, assustador e profundamente tocante em que descreve um homem de meia-idade, desolado pela morte de sua esposa, que tem melhorado gradualmente pelas aparições frequentes da mulher — na casa deles, na estrada, no mercado.

Com deficiência no braço e na perna direita, Aaron passou sua infância tentando se livrar de sua irmã, que queria mandar nele. Então, quando conhece Dorothy, uma jovem tímida e recatada, ele vê uma luz no fim do túnel. Eles se casam e têm uma vida relativamente modesta e feliz. Mas quando uma árvore cai em sua casa, Dorothy morre e Aaron começa a se sentir vazio. Apenas as aparições inesperadas de Dorothy o ajudam a sobreviver e encontrar certa paz.

Aos poucos, durante seu trabalho na editora da família, ele descobre obras que presumem ser guias para iniciantes durante os caminhos da vida e que, talvez para esses iniciantes, há uma maneira de dizer adeus.




Olá Envenenados!!!

            Recebi mais um desafio de nossa querida amiga Mathilde; resenhar outro livro cujo assunto além de delicado, mexe com vários sentimentos e nos leva a reflexão. 

            Admito que me surpreendeu e se revelou uma ótima leitura (não que eu esperasse menos), devorei o livro em apenas 02 dias e mesmo com a temática forte e o drama latente me fez sorrir em vários momentos, face a delicadeza como é escrito.

            Nesta ficção que fala de pessoas comuns, conhecemos um casal fora dos padrões convencionais...

       “Ela era baixa, meio gordinha, e tinha uma cara séria. Seu rosto era largo, com a pele cor de azeitona e achatado de um jeito atraente, olhos negros e calmos notadamente nivelados, com aquela simetria perfeita que faz com que o observador se sinta descansado. Seu cabelo, que ela mesma cortava em um estilo quadrado, descuidado e sem graça, era profunda e absolutamente negro e uniforme. E, mesmo assim, não acho que outras pessoas reconheciam como ela era atraente, por que ela escondia essa qualidade.”  (pág.11)
 “ Posso ser diferente das outras pessoas, mas não sou menos afortunado. Eu acredito nisso. Ou posso ser menos afortunado, mas não mais infeliz que os outros. Isso provavelmente está mais próximo da verdade.
            Às vezes, acho que sou menos afortunado que os outros, mas muito, muito mais feliz.” (pág.14)           

          ... E não estou falando do aspecto físico, mas sim na maneira de se relacionar, ele teimando em não receber cuidados e ela se preocupando em não cuidar dele. 

           Aaron trabalha na editora da família e tem uma deformidade física e Dorothy é uma médica extremamente competente e dedicada ao seu trabalho, que morre de maneira súbita e inesperada.

            “Então, passei a maior parte da minha infância me defendendo das duas mulheres da minha vida – minha mãe e minha irmã, ambas à espreita para me mimar até a morte. Mesmo quando ainda era bem novo, já sentia o perigo. Você fica dominado. Bonzinho e conivente. E assim elas conseguem  ter você exatamente onde desejam.
Por que será que achei que Dorothy era um sopro de ar fresco, hein?
A primeira vez que ela me viu perguntou:
- O que aconteceu com seu braço?
Ela estava usando jaleco branco e perguntou em um tom brusco, clínico. Quando expliquei, ela simplesmente disse “ah” e passou pra outro assunto.” (Pág. 18)

O sentimento de perda permeia boa parte da leitura e nos vemos refletindo com o protagonista os “se” para justificar o ocorrido e também tentar encontrar uma desculpa e um pouco de conforto.

A narrativa navega no estilo “idas e vindas entre o passado e o presente” que desenham a história com os fatos se encaixando harmoniosamente. E em dado momento Aaron consegue passar a pior fase, olhando com ternura, percepção e aceitação o passado e com isso vislumbrando a liberdade para caminhar em direção a algo que possa chamar de futuro.  

“ Eu me endireitei na cadeira e respirei fundo. Foi então que comecei a acreditar que conseguiria mesmo atravessar tudo isso.” (Pág.102)

Em O COMEÇO DO ADEUS, Anne Tyler nos leva a ver sob a ótica de Aaron o vazio e a saudade que uma pessoa querida pode deixar, mas a reflexão sobre a renovação da vida mostra como ele conseguiu seguir e buscar a felicidade.

A edição está a contento e a capa é bonita, mas em minha opinião ficou um pouco fora do contexto, pois o personagem principal é um homem e mesmo que estivessem referenciando a pessoa que se foi, ela tinha os cabelos negros. De fato não entendi.

Mesmo não sendo um romance tradicional o amor é a trama central desta emocionante narrativa, onde não há heróis, nem acontecimento fantásticos, mas o final apresentado nos deixa felizes com a possibilidade de recuperação e nos impulsiona a seguir em frente, pois nos mostra que a vida nos reserva sempre o melhor. Basta que este seja o foco de nossa busca.

Beijos, 

4 comentários

  1. Mais uma resenha deliciosa e encantadora!!

    Como você consegue ultrapassar os desafios assim tão facilmente?? rs

    Sua resenha me fez ficar com vontade de ler o livro!!

    Adorei!!

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  2. Entrei pra ler a resenha e com sinceridade não sabia que era sua... Terminei pensando vou comentar...Qual foi a minha surpresa ao ler "Clarice Julião"... Sem palavras... com vontade de ler, afinal as vezes temos que passar por momentos de superação... PARABÉNS!!! Continue evoluindo!!!

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  3. Oi Clarice, tudo bom?

    Não sei bem se você gosta de livros como este, mas você vai adorar ler "The Lovely Bones" da Alice Sebold. É melhor que o filme porque aprofunda a história e nos leva ao futuro, quando a irmã de Susie já está crescida, etc..

    Adorei sua resenha, foi muito bem escrita e me deixou com vontade de ler o livro, embora eu ache que vá ficar muito triste e imprestável depois hahah

    Beijos!
    @mariaclarabruno
    www.coffeesandbooks.com

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  4. Parabéns pela resenha Clarice! Estou ansiosa para ler O Começo do Adeus! Beijo!

    www.newsnessa.com

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