Sexta Envenenada: Amante Revelado

Assim que o amor entrou no meio, o meio virou amor
O fogo se derreteu, o gelo se incendiou
E a brisa que era um tufão
Depois que o mar derramou, depois que a casa caiu
O vento da paz soprou.
Romeu e Julieta - Los Hermanos

"E" e "Se": duas palavras simples e inofensivas como qualquer palavra.
Mas quando juntas "e se..." podem causar estragos inimagináveis."
Cartas para Julieta

“Ah, ela ensina as tochas a brilhar! Parece estar suspensa na face da noite, tal qual jóia rara na orelha de uma etílope; beleza incalculável, cara demais para ser usada, por demais preciosa para uso terreno!” – Romeu definindo Julieta a primeira vez que a viu.
“Meu coração amou antes de agora? Essa visão rejeita tal pensamento, pois nunca tinha eu visto a verdadeira beleza antes dessa noite.” – Romeu
"Assim que se olharam, amaram-se; assim que se amaram, suspiraram; assim que suspiraram, perguntaram-se um ao outro o motivo; assim que descobriram o motivo, procuraram o remédio."
William Shakespeare
Romeu e Julieta de Franco Zefirelli - 1968
“O Reverendo sorriu de maneira que apenas as pontas das presas ficaram à mostra.
─ Diga-me uma coisa, como é que um humano conseguiu se tornar tão íntimo da Irmandade?
Butch inclinou o copo em deferência.
─ Às vezes, o destino nos leva por caminhos realmente inacreditáveis. (...)”
Olá Envenenados! 

Assim, começamos mais uma sexta, mais um dia muito esperado - esta é ainda mais especial, por ser 30 de novembro! Uhu! Fim de ano chegando e a primeira parcela do não imaginário, porém fantástico, 13º salário!
Uau! Quantos livros eu compraria, se não tivesse tantas coisas para fazer com esse milagre natalino?
Mas, como compensação, aqui estou novamente para entrar no “testosterônico” mundo da Irmandade da Adaga Negra, dando continuidade aos livros da série de J.R. Ward, no intuito de abrandar a angústia que é aguardar o próximo volume.
Desta vez não falarei de um dos Irmãos, mas de “apenas um humano”, que revelou-se tão importante quanto todos os outros protagonistas, outro “cabra-macho-pra-daná”. 
O absinto da vez é o “Tira” mais delicioso que poderíamos encontrar em Caldwell: Brian “Butch” Bonzão Doutor O´Neal.

(Justice Joslin)
Butch é um desses personagens que surpreendentemente vão ganhando tanto espaço, talvez pela sua história de vida e personalidade extremamente marcante que acabou, por acaso ou propositalmente, ganhando, não um capítulo, mas um volume inteiro para si.
Em Amante Revelado (Lover Revelead), uma das melhores capas brasileiras (na minha humilde e chata opinião), editado também pela Universo dos Livros em 2010, Butch tem sua história contada.
Mas sua primeira aparição foi em Amante Sombrio, primeiro livro da série, onde entra em cena tomando totalmente a atenção (pelo menos a minha).
“Butch O’Neal parou diante dela, silenciando o outro policial com um olhar duro.
─ Ora, se não é uma surpresa...
Beth deu um passo para trás. Bonzão era um homem e tanto. Alto, forte, voz grave, cheio de atitude. Supunha que muitas mulheres se sentiriam atraídas por ele, porque não podia negar que, embora rude, tinha um grande charme. Mas com Beth isso não funcionava.”
O que parecia ser apenas uma participação, foi crescendo e tomando conta de grande parte, não apenas de Amante Sombrio, mas também dos outros dois livros que se seguiram até tornar-se o quarto livro da Irmandade. Claro, a autora tinha seus planos, como vamos descobrindo com o passar do tempo, mas para quem lê a Irmandade sem sair por aí catando maiores informações como qualquer pessoa que se torna fã, Butch seria apenas o tira que se aborrece facilmente, que acaba sendo afastado por uso inadequado da força e ficaria por isso mesmo.
Mas esse detetive da divisão de homicídios e fã roxo dos Red Sox assumirá um papel fundamental nessa série. Mas até descobrir seu lugar no mundo, Butch viverá seu inferno pessoal.
Lançado num mundo totalmente desconhecido e paralelo ao seu, ele se vê cercado por vampiros, quem diria, e por isso mesmo não poderá regressar ao seu mundo “original”; não sem lesões.
Já em Amante Sombrio, na tentativa de salvar a vida de Beth, ele acaba sendo obrigado a entregá-la nas mãos do “traficante de drogas” a quem havia tentado prender.
“Wrath olhou o monitor de vídeo instalado na parede. Quando viu Beth nos braços do policial, ficou sem fôlego. Abriu, de repente, a porta e segurou seu corpo quando o homem entrou apressadamente.
Aconteceu, pensou. Sua transição havia começado. Notou como o policial tremia de ira quando o corpo de Beth mudou de braços.
─ Maldito filho da mãe. Como pôde lhe fazer isso?
Wrath não se deu ao trabalho de responder. [...]
─ Ninguém mata o humano a não ser eu – ladrou. – E ele não sairá desta casa até que eu volte. [...]
Butch observou o traficante de drogas desaparecer com Beth. Viu-lhe a cabeça pendente chacoalhar enquanto o homem se afastava com ela a toda pressa, seu cabelo sedoso agitando-se como uma bandeira atrás deles.
Durante um momento, ficou completamente sem ação, apanhado entre a necessidade de gritar ou chorar.
Que desperdício. Que horrível desperdício.
Depois, escutou que a porta se fechava atrás dele. E se deu conta de que estava rodeado pelos cinco dos filhos-da-mãe mais perversos e enormes que já vira na vida.
Uma mão aterrissou em seu ombro com o peso de uma bigorna.
─ Gostaria de ficar para jantar?
Butch ergueu a vista. O sujeito usava um gorro de beisebol e tinha uma espécie de marca... o que era aquilo, uma tatuagem no rosto?
─ Você gostaria de ser o jantar? – disse outro, que mais parecia um modelo.
A ira invadiu de novo o detetive, retesando seus músculos, dilatando seus ossos.
Então, os meninos querem brincar?, pensou. Bem. Vamos dançar.
Para mostrar que não estava com medo, olhou para cada um deles diretamente nos olhos. Primeiro, os dois que tinha lhe falado; depois, um relativamente normal, parado atrás deles e a outro com uma exuberante juba, o tipo de coisa pela qual as mulheres pagariam centenas de dólares em qualquer salão de beleza chique.
E, depois, o último cara.
Butch observou atentamente seu rosto cheio de cicatrizes. Uns olhos negros o encaravam de volta.
Era melhor tomar muito cuidado com aquele cara ali, pensou.
Com um movimento brusco, livrou-se da mão no ombro.
─ Digam-me uma coisa, rapazes – pronunciou lentamente as palavras – usam todo esse couro para se excitar mutuamente? Quero dizer, vocês todos curtem um macho?
Butch foi atirado com tanta força contra a parede que seus ossos rangeram.
O modelo aproximou seu rosto perfeito do detetive.
─ Se você, vigiava essa sua boca grande.
─ Para que me incomodar, se você já está de olho nela? E agora, vai me beijar? [...]”

Daí pra frente, só ação, provocação e muita testosterona. Mas com essa estréia fenomenal, e essa entrada radiante, nosso homem de hoje, ganha definitivamente seu espaço no coração da Irmandade.
Com um senso de humor ácido, um passado que está sempre presente em sua vida, Butch é um lutador nato. Mas o que ele menos esperava nesta noite, seria conhecer a mulher que iria mexer com tudo de mais profundo, que talvez mesmo ele desconhecesse a existência.

(Amber Heard)
Depois do encontro “amoroso” com os Irmãos, ele conhece Marissa. Mas em Amante Sombrio, é sua relação com Vishous que mais me chama a atenção.
(David Gandy)
“O Sr. Normal avançou e ofereceu-lhe uma garrafa de uísque escocês.
─ Está parecendo que um pouco disso lhe cairia bem.
Não diga?
Butch tomou um gole.
─ Obrigado.
─ Já podemos matá-lo? – disse o de cavanhaque e gorro de beisebol.
Wrath falou com voz severa.
─ Cai fora, V.
─ Por quê? É só um humano.
─ E minha companheira é meio humana. Esse homem não morrerá somente por não ser um de nós.
─ Quem te viu, quem te vê...
─ E você terá de se modernizar, Irmão.
Butch ficou de pé. Se fosse haver um debate sobre sua morte, queria participar também.
─ Aprecio sua defesa – disse a Wrath – mas não preciso dela.
Dirigiu-se até onde estava o cara do gorro, agarrando com força o gargalo da garrafa se por acaso tivesse de quebrá-la na cabeça de um deles. Aproximou-se tanto do sujeito que seus narizes quase se tocaram.
─ Eu adorarei me entender contigo, palhaço – disse Butch – É muito provável que acabe perdendo, mas brigo sujo, então, farei com que sofra enquanto me mata – então, ergueu a vista para o gorro – Embora deteste encher de porrada um outro fã do Red Sox.
Uma gargalhada soou atrás dele. Alguém disse:
─ Isso vai ser divertido. [...]”
De fato, mesmo com todos os seus problemas – que além de muitos, são gigantescos – Butch é o cara que consegue suavizar um pouco a história. Encanta a nós e aos Irmãos, pela lealdade e pela coragem e seu senso de humor. Um amigo, um Irmão, um companheiro como muitos de nós gostaríamos de ter em nossas vidas.
Ele também tem uma boa participação em Amante Eterno e Amante Desperto, onde começamos a compartilhar suas angústias.
Contudo, é em Amante Revelado que sua vida será redefinida.
Sua história com Marissa, uma aristocrata da glymera, uma espécie de mundo nobre da raça vampira, parece impossível, e o amor de ambos passará por altos e baixos, por entregas e separações.
No mundo criado por Warden, nada é certo, além do instinto de sobrevivência, o amor intenso, os sacrifícios. Mas mesmo os amores mais duradouros podem ter um final inesperado.
Confesso que admiro Marissa, embora não seja a minha shellan favorita. Ela teve sua cota de sofrimento por longos séculos. Sequer imaginava que poderia despertar o interesse de um macho, principalmente por ser a companheira oficial do Rei Cego. Mas em Butch ela vê a possibilidade de resgatar sua própria vida e descobrir que pode ser feliz.
Mas poderão um homem, “um simples humano”, e uma vampira da alta sociedade viver essa história pouco provável?
São quase 500 páginas de muita emoção, tesão, sexo quente e delicioso e muitas, muitas incertezas. Amante Revelado pelo próprio título já mostra o que é. Talvez, nem as profecias mais antigas poderiam prever uma história de renúncia e amor tão linda. 
Butch, eu te amo! E amo todos vocês, sempre presentes por aqui!
Há tanto para se falar desse cabra, de seus Irmãos e suas aventuras, mas não dá. Por isso, espero que aproveitem a oportunidade e façam uma visita a Caldwell, nas sombras da noite, onde essa e outras histórias se desenrolam.
Deixo um cheiro, meu desejos de que tenham uma sexta esplêndida e um ótimo final de semana.
Beijos e Carpe Diem!
Tania Lima

10 comentários

  1. Ainda não li nenhum livro da série e preciso desesperadamente comprar um deles! o//
    Também acho essa a melhor capa de todos os livros!
    s2
    Adorei o seu post, ficou fantástico!
    Beijos

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    1. Tyele, assim que puder leia sim, são histórias incríveis e as tramas são envolventes.
      Não conseguimos nunca ficar em um só!
      Beijo
      Tania

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  2. Querida amiga, estou iniciando a leitura deste volume, mas já gostava da personalidade do Butch.Imagina só a minha ansiedade para desvendar este policial. A história de cada personagem é uma grata surpresa. Ao fim de cada volume, fica a vontade de saber mais e mais e mais sobre eles. Sua coluna atiça muito o meu desejo de desvendar os mistérios da Irmandade.
    Amei sua coluna, como sempre.
    Beijos

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    1. Butch é repleto de tudo de melhor que podemos esperar em um ser humano, até seus defeitos são envolventes! E realmente, a cada volume, o desejo pela continuação é voraz!
      Que bom que gostou, minha querida amiga!!
      Beijão!

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  3. Ual!!!
    Adorei!!!
    hauahauahaua
    Beijinhos
    Rizia - Livroterapias
    livroterapias.blogspot.com.br

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    1. Ele é ótimo, é fácil escrever sobre um personagem tão rico, né Rizia!
      Que grata surpresa a sua presença!
      Beijo!

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  4. Só li os três primeiros volumes de IAN (agora sei o que é IAN,kkk), mas sempre gostei do Butch, mesmo com toda a brutalidade que é vista no início e só uma armadura para esconder sua nobreza.
    Amo o personagem.
    O texto ficou ótimo.
    Muitos Beijos.
    Cla.

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    1. Clarice, você é uma graça!
      Mas você tem razão, a gente vira fã e sai criando termos próprios, que quase ninguém entende. Enfim, Bonzão é adorável, um troglodita adorável!
      Valeu, amor!
      Beijos!

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  5. No começo eu achava o Butch meio chato, meio que aproveitador da boa vida da mansão... Mas depois ele se revelou mesmo. Muito lindo o romance dele com a Marissa, e confesso que derramei um bocado de lágrimas nas últimas páginas do livro, achando que não tinha mais jeito pros dois. Mas o livro é incrível, principalmente quando retrata o quão solitária é a vida do policial... Irmandade da Adaga é só amor *-*

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    1. Realmente Janne, o livro é encantador, a IAN maravilhosa!
      Eu já gostava do Butch desde o início. É um guerreiro, um herói nato!
      Beijos

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