Sexta Envenenada: After the Night



“Parece que foi ontem quando vi seu rosto
Você me disse o quanto estava orgulhoso, mas eu fui embora
Se eu soubesse o que sei hoje, ooh ooh
Eu seguraria você em meus braços
Gostaria de sumir com a dor
Obrigado por tudo o que você tenho feito
Perdoe todos os seus erros
Não há nada que eu não faria
Para ouvir a sua voz novamente
Às vezes eu quero chamá-lo
Mas eu sei que você não vai estar lá
Ooh, eu sinto muito por culpar você
Por tudo que eu não podia fazer
E eu feri a mim mesmo por ferir você
...
Não há nada que eu não faria
Para ter apenas mais uma chance
Para olhar em seus olhos
E vejo que você está olhando para trás
Ooh, eu sinto muito por culpar você
Por tudo que eu não podia fazer
E eu feri a mim mesmo, ooh ooh
Se eu tivesse apenas mais um dia
Gostaria de lhe dizer o quanto sinto sua falta
desde que você foi embora
Ooh ooh, é perigoso
É tão impossível tentar voltar no tempo
Sinto muito por culpar você
Por tudo que eu não podia fazer
E eu feri a mim mesmo ... Por ferir você”
Hurt – Christina Aguilera

Olá, Envenenados!

Hoje não pude publicar mais cedo, e por isso me desculpo. Essa semana foi intensa, mas deu tudo certo, graças aos Deuses! Quando trabalhamos e conseguimos ter tesão a cada desafio, a cada dificuldade e conseguimos nos superar e conquistar vitórias, podemos dizer que nosso trabalho é nosso amante, nosso consorte.
Mas, indo ao que interessa, fiquei de dizer a vocês como foi o casamento: BÁRBARO é pouco. Meu aluno levou a mãe até o “altar” e, enquanto caminhavam, a música foi tocada e cantada pelo noivo, que eu nem sabia que tocava guitarra tão lindamente. Foi muito bonito e muito emocionante. Meu menino, quando me viu: “Tania, você veio!!!! Você me viu, eu estava bonito? Foi muito romântico não é??” Esta é melhor descrição para o evento, eu não poderia dar outra melhor, mais ainda quando meu querido aluno dançou comigo até dormir em meus braços (para sua informação: ele não suporta dançar). Estou apaixonada.
Sobre o tema da coluna: lamento dizer que escolhi uma dupla deliciosa para hoje, mas o livro ainda não foi publicado por aqui. Mas quem sabe vocês são se juntam a mim para implorar que alguma editora, que goste de publicar sucessos, encare o desafio.
Gray Ruillard é o cara da pacata Prescott para a maioria da população, mas em especial para Faith Devlin.
Quando jovem era imprudente, charmoso, e apoiado pelo dinheiro e poder dos Rouillard, que controlava a cidade, membro da família mais poderosa dessa pequena cidade da Luisiana. Seu pai, Guy Ruillard, é a maior influência local e ambos são homens desejados pelas mulheres e invejados e respeitados pelos homens.
Faith, ainda menina, nutre sonhos encantadores, no que diz respeito a Gray. Em seus pensamentos mais doces não havia diferenças, não havia barreiras e desprezo.
Marius Hordjk
Aos onze anos, ela sofre das paixonites que afetam a maioria das gurias da sua idade. Quase todas nós, nessa fase, idolatramos um rapaz mais velho: que é o perfeito, o mais bonito (às vezes nem tanto), mais habilidoso, enfim, tem um alvo bem marcado que tira o foco de tudo mais.
Ao contrário de Faith, Gray tem tudo ao seu alcance. Seu maior problema é que Guy não consegue manter-se longe de um belo rabo de saia, mantendo relacionamentos fora do casamento com sua mãe. Até aí seria tolerável, mas sua dor de cabeça começa quando Guy se envolve com Renée Devlin, mãe de Faith. Durante bastante tempo eles se relacionam, sem preocupação de esconder nada de ninguém.
Os primeiros anos de vida de Faith não são nada fáceis: vive num barraco, que também faz parte dos domínios dos Ruillard, com seus pais, três irmãos e uma irmã. Como uma das mais novas e, consequentemente, menos favorecida, ela precisa cuidar de tudo na casa, incluindo seu irmão caçula que é portador de retardo mental.
Apesar de ter que lidar com uma família desestruturada, com uma mãe que não exerce seu papel e constantemente está às voltas com algum amante; um pai alcoólatra; dois irmãos desordeiros, que seguem os passos do pai; uma irmã que era uma cópia mal-acabada da mãe e com os cuidados frequentes que o caçula demandava, Faith consegue manter seu jovem coração com as cores características da adolescência e inocência da infância. Sua cor preferida era a doce ilusão que nutria por Gray, não uma ilusão romântica, mas simplista, apenas pelo fato de que ele jamais a destratara, apesar de suas diferenças tão gritantes.
Gray e Faith são protagonistas de uma das histórias mais intensas de Linda Howard, After the Nigth que, infelizmente, ainda não temos por aqui. Mas, por sua força e paixão, resolvi escolhê-los para absintos dessa Sexta Envenenada pós Dia dos Namorados.
São vários os momentos marcantes de sua história, mas como não posso falar sobre todos, escolhi alguns dos quais nunca me esqueço.
Durante o verão, Gray passava muito tempo junto ao lago, um dos motivos que levava Faith a atravessar o bosque. O lago particular abrangia mais de oitocentos hectares e era circundado pelas terras dos Rouillard. Era alargado e de forma irregular, com várias curvas; largo e bastante superficial em alguns lugares, estreito e profundo em outros. A grande mansão branca dos Rouillard ficava no leste do lago, o barraco dos Devlin a oeste, mas nenhuma das duas se encontrava de fato à beira da água. A única casa à margem era a mansão de verão dos Rouillard, uma construção de um andar com dois dormitórios, uma cozinha, uma sala de estar e um alpendre provido de um ralo que o rodeava por inteiro. Debaixo da casa havia um abrigo para botes, um embarcadouro, e também um andaime de tijolo. Nessa época, Gray e seus amigos se juntavam ali para divertir-se nadando e remando toda a tarde, e Faith se escondia entre as árvores da borda para alegrar o coração observando-o.
Talvez estivesse ali hoje, pensou, sentindo já o doce desejo que a embargava cada vez que pensava nele. Seria maravilhoso vê-lo duas vezes em um mesmo dia.
Estava descalça, e as calças curtas puídas que usava não protegiam suas pernas dos arranhões e das serpentes, mas Faith ficava tão à vontade no bosque quanto as outras criaturas que ali viviam; não tinha medo de serpentes, e não se importava com os arranhões. Seu longo cabelo de cor vermelha escura tendia cair nos olhos e incomodá-la, de modo que o tinha jogado para trás e amarrado com um elástico. Deslizava-se tal qual um espectro entre as árvores, com uma expressão sonhadora em seus grandes olhos felinos ao pensar em Gray. Talvez estivesse ali; talvez, um dia ele a descobrisse escondia entre as árvores e lhe estenderia a mão dizendo: ‘— Por que não sai daí e vem se divertir conosco?’. Perdeu-se na deliciosa fantasia de fazer parte daquele grupo de meninos bronzeados pelo sol, risonhos e briguentos, de ser uma daquelas moças que eram todas curvilíneas e brilhavam em seus pequenos biquínis.
...
Alcançou o alpendre e se acocorou junto aos degraus, e inclinou outra vez a cabeça para tentar entender o que estavam dizendo, embora sem êxito. Mas era a voz dele; os tons graves eram inconfundíveis, ao menos para ela. Então ouviu um suspiro, uma espécie de gemido, de uma voz muito mais aguda.
Atraída de forma irresistível pela curiosidade e pelo ímã da voz de Gray, Faith abandonou sua postura de cócoras e segurou com cautela o trinco da porta. Não estava fechada. Abriu-a apenas o suficiente para que pudesse passar um gato, e deslizou seu corpo magro e rápido para dentro, e depois, com idêntico silêncio, deixou que a porta fechasse. Ficou engatinhando e avançou sobre as pranchas do alpendre em direção à janela aberta de um dos dormitórios, do qual pareciam vir as vozes.
Ouviu outro suspiro.
— Gray — disse a outra voz, uma voz de garota, tensa e trêmula.
— Shiiii — murmurou Gray. Disse algo mais, mas Faith não conseguiu entender. Logo disse — Ma chère – e nesse momento tudo se encaixou de repente. Gray estava falando em francês, e tão logo deu-se conta, as palavras fizeram sentido. Embora os Devlin não fossem imigrantes franceses nem crioulos, Faith entendia a maior parte do que Gray estava dizendo. A maioria dos paroquianos falava e entendia francês, em diversos graus.
Soava como se estivesse tentando acalmar um cão assustado, pensou Faith. Sua voz era cálida e sedutora, salpicada de adulações e carinhos. Quando a moça falou de novo, sua voz ainda soou tensa, mas dessa vez tinha um matiz de embriaguez.
Levada pela curiosidade, Faith se virou para um lado e moveu com cuidado a cabeça para, com um olho, observar pelo marco da janela aberta. O que viu a paralizou.
Gray e a garota estavam nus na cama, que estava com a cabeceira debaixo da janela da parede adjacente. Não havia como perceberem sua presença, o que era um golpe de sorte, pois Faith não poderia se mover no caso de estarem olhando diretamente.
Gray estava estendido de costas para ela, com o braço esquerdo colocado debaixo da cabeleira loira da moça. Inclinava-se sobre ela de um modo que fez com que Faith contivesse a respiração, porque naquela postura, que misturava um pouco de protetor e predador, estava beijando a moça; uns beijos lentos que deixavam o quarto em silêncio exceto pelos profundos suspiros de ambos, e tinha o braço direito... Parecia como se... estivesse... Mudou de posição e viu claramente que tinha a mão direita entre as coxas nuas da garota, justo em cima de seu púbis.
Faith se sentiu enjoada e percebe que era difícil respirar.
...
Faith os contemplou com olhos ardentes. Não sentia ciúmes: Gray estava tão acima, e ela era tão jovem, que nunca tinha pensado nele em sentido romântico e possessivo. Gray era o brilhante centro de seu universo, um ser ao qual teria que render culto de longe, e ela se sentia bobamente feliz apenas por vê-lo de forma ocasional. [...]
Os movimentos de Gray foram ficando mais rápidos, a moça gritou de novo agarrando-se a ele, com os dentes apertados como se sofresse de dor, mas Faith sabia de maneira instintiva que não era assim. Gray estava arremetendo contra ela, também com a cabeça inclinada para trás, o cabelo comprido e negro empapado nas têmporas e roçando seus ombros suados. Estremeceu-se e esticou, e de sua garganta surgiu um som áspero e profundo.
Seu coração batia com força, e se separou da janela com os olhos muito abertos para deslizar pela porta e sair do alpendre tão silenciosamente como entrou. Era isso. Assistiu Gray fazendo amor. Sem a roupa, era ainda mais bonito do que tinha imaginado. Não tinha feito os asquerosos ruídos parecidos com o soprar de um porco que seu pai fazia, quando estava sóbrio o bastante para convencer Renée a entrar no quarto, o que não acontecia muito frequentemente nos dois últimos anos.
Se o pai de Gray, era tão bonito fazendo amor como Gray era, pensou com veemência, não podia censurar Renée por havê-lo preferido a seu pai. [...]”
Sério, tenho muitas lembranças dos meus amores da infância e da adolescência, mas jamais teria essa coragem. O máximo que fazia, era ficar olhando e suspirando para o guri, tão discretamente que nem eu percebia. Sentava no banco da pracinha, só para vê-lo jogando futebol, ou ia para a casa da minha avó para ficar da janela, esperando por horas, que ele fosse até a cozinha da sua casa, que era vizinha, para vê-lo pelo tempo de beber um copo d’água. Como as coisas mudam.
Mas o tempo passa também na vida de Gray e Faith e, três anos depois do episódio de Gray fazendo amor, ambos terão de enfrentar um verdadeiro pesadelo.
Guy e Renée desaparecem sem deixar rastro e, ao que tudo indica, fugiram juntos.
Se já era difícil tolerar a presença dos Devlin em Prescott, depois desse evento seria inadmissível sua permanência, pois seria a eterna lembrança da traição de seu pai, não apenas em relação a esposa, mas também por Gray e sua irmã Monica. Assim, ele resolve expulsar o restante da família. Primeiro, vai até o miserável barraco em que vivem e dão um ultimato: deveriam deixar Prescott até o anoitecer.
Mas quando sua irmã tenta suicídio, logo depois de terem recebido uma carta, datilografada, dizendo que seu pai estava abandonando a tudo e a todos, Gray praticamente explode. Aos vinte e dois anos, com uma lógica e paciência são tão curtas quanto unhas de bebê e, num ato de desespero, chuta a família de Faith.
Desesperado, sem entender as atitudes do pai que, em consequência, o fazem assumir todos os negócios da família e cuidar de sua mãe e irmã, Gray fica cego pelo desejo de vingança; apenas a visão da mais nova dos Devlin, se agachando entre os carros de polícia, tentando recuperar o pouco que tinham e se desvencilhando do irmão menor, tiram a nuvem negra da ira de seu coração.
Atordoada com o abandono da mãe e a ordem de Gray, Faith não sabia o que fazer, já que sua família se recusava a ir embora, até porque não tinham para onde ir. Passou o dia tentando encontrar explicações para os acontecimentos e, enfim foi dormir com uma péssima sensação.
“Um enorme estrondo a fez despertar de repente, aterrada e confusa. Um feixe de luz brilhante a cegou e uma mão rude a tirou da cama. Faith gritou e tentou se soltar daquele aperto que lhe machucava, mas quem a segurava a levantou como se nada pesasse e a arrastou pelo barraco. Mesmo gritando como estava, conseguiu ouvir os gritos de Scottie, as vozes do pais e dos irmãos amaldiçoando e vociferando, entre os soluços de Jodie.
No pátio havia um semicírculo de luzes brilhantes e penetrantes, Faith teve uma vaga impressão de uma multidão que se movia para frente e para trás. O homem que a segurava abriu a porta com um chute e a empurrou para fora. Tropeçou nos degraus e caiu de bruços no chão, com a camisola até as coxas.
Machucou a palma das mãos, os joelhos e a testa durante a queda.
— Venham aqui — disse alguém. — Tragam o pirralho.
Scottie foi depositado a seu lado, sem que ela olhasse para o menino, gritando histérico e com seus redondos olhos azuis fixos e aterrorizados. Faith conseguiu se sentar, cobrindo as pernas com a fina camisola e refugiou Scottie em seus braços.
Começaram a voar coisas pelo ar, que se estrelavam e caíam a seu redor. Viu Amos agarrado ao marco da porta, enquanto dois homens de uniforme marrom o tiravam arrastado da casa. Agentes, pensou Faith com uma sensação de vertigem. O que estavam fazendo ali? A não ser que estivessem prendendo seu pai ou os meninos por roubarem algo. Enquanto contemplava a cena, um dos agentes deu um golpe nos dedos de Amos com sua lanterna. Ele gritou e soltou o marco da porta, e os homens o levaram até o pátio.
Uma cadeira saiu voando pela porta, fazendo Faith se desvencilhar, virando-se para um lado; a cadeira espatifou-se no chão justo onde ela estava antes. Meio sem jeito, com Scottie agarrado em seu pescoço e entorpecendo seus movimentos, tentou encontrar um abrigo na velha caminhonete de seu pai, onde se escondeu contra o pneu dianteiro.
Contemplou aturdida aquela cena de pesadelo, tentando encontrar algum sentido. Pelas janelas saíam coisas de todo tipo, roupas, pratos e caçarolas. Os pratos eram de plástico e faziam um ruído tremendo ao aterrissar. Alguém esvaziou uma gaveta cheia de talheres por uma janela, e seu conteúdo de aço inoxidável barato resplandeceu sob os faróis dos carros patrulha.
— Esvaziem tudo — uma voz grave rigiu — Não quero que fique nada dentro.
Gray!
Ficou petrificada ao reconhecer aquela amada voz, de cócoras no chão e estreitando o Scottie contra si em um gesto protetor, descobriu-o quase imediatamente, com sua figura alta e poderosa, de pé e braços cruzados, ao lado do xerife.
Faith se incorporou com dificuldade, levando Scottie ainda grudado nela, com uma força nascida do desespero. As posses da família provavelmente não seriam nada, a não ser lixo para Gray, mas era tudo que tinham. Conseguiu afrouxar as mãos de Scottie o suficiente para agachar-se a recolher alguns objetos emaranhados, colocando-os parte traseira da caminhonete de Amos. Não sabia o que pertencia a quem, mas não importava; tinha que salvar tudo o que pudesse.
...
Faith sentia a mente intumescida. Não se permitiu pensar, não podia. Movia-se de maneira automática, e não se deu conta de que tinha se cortado na mão com um recipiente quebrado. Mas um dos agentes a advertiu, e lhe disse em tom áspero:
— Ei moça, está sangrando — e lhe envolveu a mão em seu lenço. Faith agradeceu sem saber o que dizia.
Era muito inocente e estava muito aturdida para dar-se conta de que os faróis dos carros atravessavam o magro tecido de sua camisola revelando a silhueta de seu corpo juvenil, suas esbeltas coxas e seus seios altos e graciosos. Ela se agachava e se levantava, mostrando uma parte diferente de seu corpo a cada mudança de postura, esticando o tecido da camisola sobre o peito e revelando a suave protuberância do mamilo, ou ressaltando a curva arredondada de uma nádega. Só tinha quatorze anos, mas sob aquela luz dura e artificial, com sua longa e grossa cabeleira flutuando sobre os ombros, semelhante a uma chama escura e entre as sombras que destacavam o ângulo de seu rosto e obscureciam seus olhos, não se definia sua idade.
O que se apreciava era sua extraordinária semelhança com Renée Devlin, uma mulher que não precisava de nada, além de passar por uma sala para provocar maior ou menor grau de excitação na maioria dos homens presentes. A sensualidade de Renée era sedutora e vibrante, um autêntico farol para os instintos masculinos. Quando os homens olhavam Faith, não era a ela a quem viam, e sim sua mãe.
Gray permanecia silencioso, observando o que ocorria. Ainda sentia raiva, uma raiva fria e voraz, concentrada. Invadia-o uma sensação de asco ao ver os Devlin, pai e filhos, perambulando de um lado para outro, amaldiçoando e proferindo ameaças selvagens. Mas o xerife e seus ajudantes estando ali, não fariam outra coisa além de fechar o bico, de modo que Gray não se importou. Amos entrou em desespero quando empurrou sua filha mais nova ao chão; Gray fechou com força os punhos, mas ao ver que a moça se levantava, aparentemente sem ter sofrido dano algum, decidiu conter-se.
As duas moças corriam de um lado para outro, tentando sem descanso recolher os objetos mais necessários. Os meninos desafogavam nelas suas estúpidas e cruéis frustrações, lhes arrancando as coisas das mãos e as atirando ao chão, e proclamando em voz alta que nenhum filho de puta ia tirá-los de sua casa e que não perdessem o tempo agarrando coisas porque não a lugar algum. A irmã mais velha, rogava-lhes que as ajudassem, mas suas bravatas de bêbado afogavam todo esforço que ela pudesse fazer.
A irmã mais nova não desperdiçava o tempo tentando falar com eles, mas se limitava a mover-se em silêncio e tentava pôr o caos ordem, mesmo com o caçula se agarrando a ela constantemente. Apesar de tudo, Gray deu-se conta de que seu olhar a buscava continuamente e de que se sentia fascinado de maneira involuntária pelo contorno feminino de seu corpo, sob aquela camisola quase transparente. O próprio silêncio da jovem chamava sua atenção, e quando Gray olhou ao seu redor, descobriu que a maioria dos agentes também a estavam observando.
Havia nela uma estranha maturidade, e o jogo das luzes lhe causou a estranha sensação de estar vendo Renée em vez da sua filha. Aquela puta lhe tinha arrebatado o pai, o que fez com que sua mãe se retraísse mentalmente e quase lhe havia custado a vida de sua irmã, e ali a tinha de novo, tentando aos homens, encarnada em sua filha.
Jodie era mais voluptuosa, mas  em compensação também era mais ruidosa. A longa cabeleira ruiva de Faith balançava sobre o brilho perolado de seus ombros nus sob as alças da camisola.
Parecia mais velha, e também um tanto irreal, uma encarnação de sua mãe movendo-se em silêncio através da noite, uma dança carnal a cada movimento.
Sem querer, Gray notou que sentiu que estava tendo uma ereção e sentiu asco de si mesmo. Olhou os agentes que o rodeavam e viu a mesma reação refletida em seus olhos, um desejo animal que deveria envergonhá-los, por ser dirigido a uma moça tão jovem.
Deus, ele não era melhor que seu pai. Bastava sentir o cheiro de uma mulher da família dos Devlin, e ficava como um potro selvagem no cio, duro e disposto. Mônica esteve a ponto de morrer por causa de Renée Devlin, e ali estava ele, contemplando à filha dela com uma tremenda ereção dentro das calças.
A jovem avançou para ele levando um fardo de roupa. Não, não vinha para ele, e sim para a caminhonete que estava atrás dele. Seus verdes olhos de gato o encararam por uma fração de segundos com uma expressão sombria e misteriosa. Sentiu a pulsação acelerada, e aquela visão esmigalhou o tênue controle de seu temperamento. Os acontecimentos daquele dia se acumularam em sua cabeça e o atacaram com uma ferocidade devastadora, desejando que os Devlin sofressem tanto como ele.
— É lixo — disse com voz dura e profunda quando a moça passou ao seu lado. Ela se deteve, petrificada no lugar, com o pequeno ainda agarrado às suas pernas. Não olhou para ele, só manteve a vista fixa à frente, e o contorno nítido e puro de seu rosto o deixou ainda mais furioso. —Toda sua família é um lixo. Sua mãe é uma puta e seu pai um bêbado de merda. Saiam desta cidade e não se atrevam a voltar nunca mais.”
E assim foi, pelo menos durante os doze anos seguintes.
Mas isso estava para mudar, depois que Faith Devlin Hardy retornou a Prescott.
A princípio, movida pela curiosidade, mas depois por uma necessidade de construir seu lar ela retorna à sua cidade, disposta a se estabelecer e, ao mesmo tempo, descobrir o que realmente aconteceu com Guy Ruillard.
Mas ela terá de enfrentar mais uma vez o desprezo da população e a arrogância de Gray que fará de tudo para pô-la para fora novamente.
A partir daqui, serão encontros explosivos. Ambos brigando para fazer sua vontade prevalecer ao mesmo tempo em que lutam para resistir à atração que ainda sentem, agora multiplicadas pela impossibilidade de um relacionamento. A história tem tanta informação, tanta ação e sensualidade, além das cenas extremamente eróticas que seria impossível colocá-las aqui.
Enquanto buscava imagens para relacionar a este texto, encontrei um vídeo que lembra um pouco as cenas da história. O nome do livro está ligado a ele. Adoraria que alguma alma caridosa me ajudasse a descobrir de que filme, série, ou seja lá o que for, se trata. A música, Hurt, da Christina Aguilera é linda também.
Linda Howard é uma mulher abençoada com uma habilidade impressionante de criar histórias eletrizantes e também muito sensuais. Mas After the Night é uma masturbação literária, que precisa urgentemente ser publicada por aqui, mais pessoas precisam conhecer o talento dessa mulher extraordinária.
Fico por aqui, me deleitando na leitura de After the Night, mais uma vez caindo nos braços de Gray.
Fiquem bem e Carpe Diem.


31 comentários

  1. Conheço só de nome mesmo, vi alguns livros dela mas nem me lembro ao certo. Mas uma coisa é certa, sempre falam bem! Eletrizante parece ser o sobrenome da mulher, escreve muito pelo que vi. Histórias totalmente envolventes e gostosas de ler com certeza. Queria ler alguma coisa dela, ainda não deu e espero conseguir algum dia. Enquanto isso, vou eu vendo essas resenhas de sortudos que puderam ler...ahh, inveja!

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    1. Assim que puder, Cris, leia algo da Linda. É impressionante, temos a sensação de estar vivendo a situação com os personagens.
      Amo Linda Howard!
      Beijos

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  2. Não conhecia essa autora e fiquei muito triste por não ter o livro publicado ainda, é uma pena. A leitura parece ferver nesse livro, e a história é bem densa, um passado marcado e a garota ainda sente isso no futuro. Fiquei muito instigada com os personagens, e esse Gray merecia uma surra, que cara ruim! Vou ficar aqui na torcida esperando a publicação.

    Abraços,
    Raquel.

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    1. Raquel, o Gray não é ruim, é impulsivo e explosivo, o que estava tentando fazer era proteger sua família. Pelo contrário ele é apaixonante.
      Beijos

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  3. Já ouvi falar muito bem da Linda Howard, mas confesso que nunca li nenhum livro dela, acho que ta na hora né,rsrs! Pena esse livro não ter sido lançado aqui ainda, gostei muito da historia e acho que merecia vir logo pra cá, então vou me juntar a voce pra pedirmos à alguma editora pela publicação! Adoreiiii! Bjão!

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    1. Valeu, Adriana, quem sabe conseguimos que este e outros livros sejam editados para os leitores brasileiros, Linda é uma diva!
      Beijos

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  4. Bem que um amigo me xingou hoje dizendo que eu já estava muito velha para não saber falar/ler inglês... :D Beijos

    Tem sorteio no blog, apareça: http://umamamaeemapuros.blogspot.com.br/2013/06/primeiro-sorteio-do-blog-pantufa.html

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    1. Oi, Roberta!
      Nunca somos velhas demais, a não ser para não tentar!
      Beijos
      P.S.: darei um pulinho lá no blog!

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  5. Ainda não li nada da Linda Howard, mas fama ela tem de sobra. Que pena que meu inglês não é suficiente para ler um livro assim, mas posso me juntar a todos para pedir a publicação por aqui.

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    1. É isso aí, Vanilda.
      Junte-se ao coro e peçamos que tragam mais Linda para nós!
      Beijos

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  6. Ai, Tania! Esse romance da Linda é mesmo maravilhoso. Até deu vontade de ler de novo. Os encontros entre a Faith e o Gray realmente são tudo de bom. Eu não sabia que esse romance ainda não foi lançado no Brasil, o que é uma pena mesmo.
    Obrigada por me fazer lembrar de mais esse romance fantástico.
    Beijos, querida! Saudades!

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    1. Pois é, Rosane, este e outros ainda não estão editados por aqui.
      Gray e Faith são incríveis, lembra da cena deles no banheiro da delegacia? O que foi aquilo? E depois que eles passam o dia todo na cama, que ele faz aquela massagem nela em cima da mesa? Loucura!
      Beijos, amiga, te amo!

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  7. Ainda não li nada da Linda, nem sequer tenho um livro dela, mas sempre vejo ela pelos blogs. E como sempre digo gosto de conhecer as narrativas, então pelo menos um livro dela eu quero ler =D A pergunta é por qual começar?

    miquilis: Bruna Costenaro

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    1. Oi, Bruninha!
      Olha, sou suspeita para te indicar algum, mas depende do estilo que você curte. Eu comecei por Beije-me Enquanto Durmo, um dos mais recentes, e enlouqueci com a escrita perfeita dessa mulher! Tem a Saga Mackenzie, que é de banca mas que também está sendo editada especialmente na Livraria Saraiva. Tenho certeza de que vai gostar!
      Beijo

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  8. Oi Tania!!!
    Ai, ai, só suspiros por esse romance, o li há um mês e amei, é maravilhoso ver a admiração que vai se desenvolvendo no Gray pela Faith e todo amor entre eles.
    É tudo que você falou.
    Beijos!!!!!

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    1. Ai, Nadja, querida!
      Fico tão feliz quando indico um livro para as amigas e elas gostam, a leitura vale, não vale?? Só queria ter mais oportunidade de batermos para sobre eles, acho que vou criar um grupo no Face para falarmos sobre os livros da Linda! O que acha?
      E os outros, gostou??
      Beijos

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  9. Nossa! Que lindo casamento! Deve ter sido um momento maravilhoso para essa família, a emoção do filho acompanhando a mãe e o pai/noivo tocando a música de entrada.
    Quanto ao livro, não o conhecia mas, sempre torço para os sucessos virem logo para o Brasil. Se rolar um abaixo assinado, não esqueça de nos avisar! ;)
    Eu adoro histórias de cidades pequenas, onde todos se conhecem. Há sempre muita intriga pois quase nada é segredo entre os habitantes, rs.
    Nossa! A vida de Faith parece não se nada fácil mas, acredito que ela seja bem forte. Eu também, assim como você, não teria essa coragem que ela teve, sempre ficava observando de longe, nunca tomava uma iniciativa.
    Acredito que seja um romance bem forte!
    P.S.: Amo essa música da Aguilera.

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    1. Não foi mesmo Mah!
      Faith passou por muitas situações difíceis até conseguir um pouco de paz. Ela e Gray rendem cenas maravilhosas, dignas de um bom filme!

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  10. o casamento parece ter sido maravilhoso mesmo...
    não conhecia a autora muito bem mas me pareceu q o livro é bem legal, a vida de faith parece ser bem complicada, tendo q conviver com todas essas pessoas de características bem diferentes e o q elas fazem com ela d ruim... parece ser uma história bem envolvente =)

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    1. Não perca a oportunidade de ler algo da Linda, Bruna, eu já falei de vários livros dela aqui na coluna, todos publicados aqui.
      Beijos

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  11. Linda Howard escreve muito, os livros dela são muito bons, pena que esse não foi publicado no Brasil, é uma pena. quem sabe a harlequin não acaba publicando-o!

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    1. A Bertrand costumava escrever os livros de livraria da Linda, a Harlquin só os de banca. Gostaria que publicassem todos os livros dela que ainda não vieram pra cá. Certamente eu compraria todos!
      Beijos

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  12. Tenho muita vontade de ler algo dessa autora, pena que não tenho paciência pra ler em inglês... mas achei da hora esse casal! Gostei mesmo. :)

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    1. Petra, existem outros titulos dela em português, então não precisa se preocupar com o inglês, eu mesma já postei o de livraria e alguns de banca aqui na coluna!

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  13. Gente!! Que máximo esse romance! hehehe Não conheço nada da autora ainda! Mas quem saber se trouxerem pro Brasil eu não comece com esse? hehe
    Preciso logo melhorar meu inglês pra começar a ler os livros nos originais e não precisar ficar dependendo das editoras daqui!

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    1. Existem vários outros dela já publicados aqui, Belle, não precisa esperar por esse que talvez nem venha!
      Beijos

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  14. Que casamento lindo deve ter sido heim Tania? Parece ser aqueles casamentos de sonhos...Eu já conheço Linda Howard, e ela tem uma escrita bem intensa. Este livro ainda não conhecia, mas com certeza já coloquei na minha lista de desejados. E a maneira como você fala dele, me deixou agoniada pela leitura. Bjus linda.
    Lia Christo
    www.docesletras.com.br

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    1. Realmente, Lia, querida! O livro é fantástico.
      Trabalha várias emoções em nós!
      Não perca a oportunidade!
      Beijo

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  15. Oi Tania, tudo bem flor?
    Acabei de assistir o vídeo e descobri que o dono do vídeo usou cenas de duas séries de TV Turcas, acredita?
    Segue o nome das séries: Série de TV "Fatmagül'ün Sucu Ne" e "Ask-i memnu"
    Caso consiga descobrir se tem como baixar com legenda, pelo menos em inglês ou espanhol, você me fala? Fiquei mega a fim de assistir...

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    1. Eu sabia que era turca, mas não conseguia mais informações, agora com a sua ajuda vou dar mais uma vasculhada!
      Obrigada, querida! Se descobrir algo mais te aviso!
      Beijos

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  16. Preciso dizer que tive uma identificação total com Faith. E que tive uma relação muito forte de amor e ódio por Gray (embora até entenda a intenção que ele tinha de proteger a família dele). Esse livro me provocou emoções extremas e diversas... Enfim, livro fantástico.

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