Sexta Envenenada: O Conde Enfeitiçado

"Sobra covardia e falta coragem até pra ser feliz.
 A paixão queima, o amor enlouquece, o desejo trai.
 Talvez esses fossem bons motivos para decidir entre a alegria e a dor,
sentir o nada, mas não são.
Se a virtude estivesse mesmo no meio termo, o mar não teria ondas
, os dias seriam nublados e o arco-íris em tons de cinza.
 O nada não ilumina, não inspira, não aflige nem acalma,
apenas amplia o vazio que cada um traz dentro de si.
 Não é que fé mova montanhas, nem que todas as estrelas estejam ao alcance,
 para as coisas que não podem ser mudadas resta-nos somente paciência, porém,
preferir a derrota prévia à dúvida da vitória é desperdiçar a oportunidade de merecer.
 Pros erros há perdão; pros fracassos, chance; pros amores impossíveis, tempo.
De nada adianta cercar um coração vazio ou economizar alma.
Um romance cujo fim é instantâneo ou indolor não é romance."
Fernando Pessoa

Olá, Envenenados!

Em clima de Bienal do Livro aqui na cidade do Rio de Janeiro, o que não faltam são lançamentos. Felizmente, para nós, amantes de livros.
A edição desse ano promete, pois o evento “gigantenorme”, além de contar com a participação de grandes editoras teremos também, segundo o site do evento, um recorde no número de autores convidados, tanto nacionais como estrangeiros.
Nós, apaixonados por livros, estamos em festa, mais especialmente os fãs dos romances de época, pois teremos a honra de conhecer Julia Quinn, frequentadora assídua desse espaço.
Na verdade, a autora americana já está no Brasil há alguns dias visitando algumas cidades, levando seu carisma, competência e sensibilidade para deixar os leitores brasileiros ainda mais encantados e ávidos por mais e mais obras suas.
Ela e a Editora Arqueiro estarão promovendo o lançamento do sexto livro da série Os Bridgertons, O Conde Enfeitiçado, e a autora marcará presença na XVII Bienal Internacional do Livro no dia 05 de setembro. AMANHÃAÃÃÃÃ!!!
Em o Conde Enfeitiçado finalmente conhecemos a história de Francesca Bridgerton e Michael Stirling. A obra retoma a linha dos primeiros livros da série e consegue ir além.
Obviamente, o livro é rico em pontos muito distintos dos demais, mas a intensidade e sensualidade remonta fielmente, senão mais, aos enredos anteriores.
Francesca e Michael não são os absintos de hoje por mero compromisso com os demais personagens da série, para dar-lhes sequência.
Não.
Estão aqui hoje porque são personagens riquíssimos, com personalidade e caráter extremamente bem construídos e fortes.
Vamos descobrindo, com o passar da leitura, que sua história é contemporânea às de Colin e Eloise Bridgerton, protagonistas de Os Segredos de Colin Bridgerton e Para Sir Phillip, com Amor, respectivamente.
“Toda vida tem um divisor de águas, um momento súbito, empolgante e extraordinário que muda a pessoa para sempre. Para Michael Stirling, esse instante ocorreu na primeira vez em que pôs os olhos em Francesca Bridgerton.
Depois de anos colecionando conquistas amorosas sem nunca entregar seu coração, o libertino mais famoso de Londres enfim se apaixonou. Infelizmente, conheceu a mulher de seus sonhos no jantar de ensaio do casamento dela. Em 36 horas, Francesca se tornaria esposa do primo dele.
Mas isso foi no passado. Quatro anos depois, Francesca está livre, embora só pense em Michael como amigo e confidente. E ele não ousa falar com ela sobre seus sentimentos – a culpa por amar a viúva de John, praticamente um irmão para ele, não permite.
Em um encontro inesperado, porém, Francesca começa a ver Michael de outro modo. Quando ela cai nos braços dele, a paixão e o desejo provam ser mais fortes do que a culpa. Agora o ex-devasso precisa convencê-la de que nenhum homem além dele a fará mais feliz.
No sexto livro da série Os Bridgertons, Julia Quinn mostra, em sua já consagrada escrita cheia de delicadezas, que a vida sempre nos reserva um final feliz. Basta que estejamos atentos para enxergá-lo.”
Tudo começa quando Michael conhece Francesca no jantar de comemoração do casamento dela com seu amado primo, o Conde de Kilmartin. A partir desse dia sua vida jamais será a mesma.
Conhecido por sua vida de devassidão, Michael ainda não havia sido apresentado à paixão verdadeira, daquelas que temos que nos policiar para não nos trairmos com alguma atitude extrema. E, para piorar seu dilema, seu desejo é direcionado justamente a única mulher que jamais poderá possuir.
Durante o tempo em que Francesca e John viveram um casamento muito feliz, Michael teve a oportunidade de participar dessa felicidade -  convivia com o casal; não por ser um masoquista, mas porque John era mais que um primo, era um irmão acima de tudo, e Francesca tornou-se uma grande amiga – que ironia. Formavam um trio perfeito.
Por seu lado, Francesca estava vivendo a felicidade que desejava. Conforme a leitura avança, vamos entendendo que Francesa é uma Bridgerton atípica. Como ela mesma diz, não que não ame sua família, ela só era diferente. E teve em John, e com John, a oportunidade de ser ela mesma.
E, de quebra, ganhou um grande amigo em Michael. Desconhecendo o tormento que causava no novo primo, ela se aproxima dele, faz com que ele conte alguns detalhes sobre suas conquistas, o atrai, cada vez mais, para perto de sua vida, sem imaginar quanto sofrimento Michael estava sentindo.
Bem como Francesa é diferente dos demais Bridgertons, O Conde Enfeitiçado tem uma essência bastante diferente dos demais livros da série.
Julia Quinn aborda, magistralmente, alguns aspectos do período em que a história acontece que raramente são citados em romances de época – pelo menos não os atuais.
Geralmente, quando um dos protagonistas é viúvo a história já começa com ele nesta situação. Dificilmente conhecemos mais do cônjuge que faleceu. Tudo bem que em Para Sir Phillip, com Amor, isso também acontece, mas o marido de Francesca nos conquista também e, por isso mesmo, lamentamos seu falecimento tão repentino.
Mas sem isso, a história não aconteceria.
Quando John morre, Michael se vê em uma condição ainda mais difícil. Entendamos: John não deixa filhos herdeiros do título de conde e das propriedades, assim Michael herda tudo, exceto a única coisa que ele mais queria: o coração de Francesca.
Da noite para o dia ele passa de primo pobre ao novo e poderoso Conde de Kilmartin.
Tomado pela dor do luto e pela culpa de ter desejado algo de seu primo, ele se afasta cada vez mais de Francesca, que fica confusa com essa atitude. Ela deseja que Micheael esteja perto, que a console, que compartilhe a mesma dor, pois ele era o único que estava tão próximo dela e de John, o único que os conhecia como eles realmente eram.
Assim, ele deixa a Inglaterra e Francesca e busca asilo (para seu coração e sua mente) na Índia.
Durante o tempo que fica lá, ele se corresponde com seus entes queridos, mas apenas um não responde suas cartas. Francesca, num ato de revolta, recusa-se a corresponder-se com ele.
Enfim, o tempo passa. E quando Michael resolve que é o momento de voltar à Inglaterra e assumir de fato seu papel como conde, ele não faz ideia de que Francesca também decide que é hora de abandonar o luto e ter filhos.
Só que para isso, diferentemente dos dias atuais, a mulher deveria estar devidamente casada. Assim, Francesca também retorna à Inglaterra para participar da temporada, não como espectadora, mas sim como candidata à noiva.
Durante o tempo de seu luto, ela assumiu o comando das propriedades e finanças do condado de Kilmartin com muita competência, mas o desejo de ser mãe nunca a abandonou, sobretudo quando estava com seus amados sobrinhos.
Neste livro somos agraciados com uma participação bem diferenciada de Violet Bridgerton, a matriarca que estávamos acostumados a ver muito empenhada em casar os filhos e filhas, dá lugar à mãe parceira e à mulher que também guarda segredos e saudosismo.
Apesar de ser tão diferente dos demais irmãos, Francesca descobre ser a que mais em comum tem com a mãe, ambas viúvas ainda muito jovens, elas compartilham muitas coisas, que nem sequer fazia ideia.
Até que ela pergunta para Violet:
“– Mãe? – começou ela, antes mesmo de se dar conta de que tinha uma pergunta a fazer.
Violet se virou para ela com um sorriso.
– Sim, minha querida?
– Por que você nunca se casou de novo?
Violet entreabriu os lábios e, para surpresa de Francesca, os olhos da mãe brilharam.
– Sabe que esta é primeira vez que um de vocês me faz essa pergunta?
– Não é possível – retrucou Francesca. – Tem certeza?
Violet assentiu.
– Nenhum dos meus filhos jamais me perguntou isso. Eu teria me lembrado.
– Sim, é claro que teria – apressou-se Francesca em dizer.
Mas tudo aquilo era tão... estranho... E impensado, na verdade. Por que será que ninguém nunca tinha feito aquela pergunta a Violet? Do ponto de vista de Francesca, era a mais urgente de todas as perguntas imagináveis. E, mesmo que nenhum de seus irmãos tivesse levantado a questão apenas por curiosidade, será que não se davam conta de quão importante era para Violet?
Será que não desejavam conhecer a mãe? Conhecê-la de verdade?
...
– De qualquer forma – prosseguiu Violet de modo brusco, claramente ansiosa por seguir adiante -, depois da morte dele eu fiquei tão... aturdida. Tive a sensação de estar andando em meio a uma névoa. Não sei muito bem como agi naquele primeiro ano. Ou mesmo nos anos seguintes. Não tinha como pensar em casamento.”
Não sei os demais leitores, mas eu me senti muito grata por essa oportunidade que a Julia deu a Violet de se colocar, pois amamos seus filhos e os cônjuges deles, e, apesar de em alguns livros ela ter alguma participação, neste tivemos a chance de conhecer um pouco mais sobre essa mulher incrível.
Outros personagens dos demais livros têm participação aqui, mas, assim como Violet, Colin Bridgerton (o queridinho da série), volta a dar uma palhinha de suas facetas. Mas Colin consegue ter uma influência ainda mais incisiva na história.
“Colin tomou outro gole, claramente saboreando a bebida.
– Ahhh – gemeu, pousando o copo sobre a mesa. – Quase tão bom quanto uma mulher.
Michael voltou a grunhir, levando o copo aos lábios.
Então, Colin disse:
– Você deveria simplesmente se casar com ela, sabe?
Michel quase engasgou.
– O que disse?
– Case-se com ela – repetiu Colin, dando de ombros. – Isso me parece bem simples.
Provavelmente era muito querer supor que Colin estivesse falando de qualquer uma que não fosse Francesca, mas Michael fez uma tentativa desesperada ainda assim, com o tom de voz mais frio que conseguiu.
– De quem está falando?
Colin ergueu as sobrancelhas.
– Precisamos mesmo fazer este jogo?
– Não posso me casar com Francesca – declarou Michael atabalhoadamente.
– Por que não?
– Porque... – ele se interrompeu. Havia cem razões pelas quais não podia se casar com ela, mas não podia dizer nenhuma em voz alta. Assim, limitou-se a responder: - Porque ela foi casada com meu primo.
– Da última vez que verifiquei, isso não era ilegal.
Não, mas era imoral. Ele desejara e amara Francesca por tanto tempo... Mesmo enquanto John era vivo. Enganara o primo da forma mais vil possível; não podia aumentar a traição roubando-lhe a mulher.”
Seu dilema interior se intensifica, principalmente ao ver a grande quantidade de pretendentes que surge para Francesca, mas aquela conversa com Colin muda algo em sua maneira de ver e sentir as coisas.
Até aqui, Francesca tem Michael como um primo, quase irmão, e jamais poderia pensar nele de maneira diferente, apesar de algo estranho ter acontecido desde seu retorno.
Preparem-se para uma história de muita sedução, e de cenas extremamente quentes, talvez as mais quentes das histórias dos Bridgertons, pois, diferentemente dos demais, Micheal é o único que, desde o início, está terrivelmente e perdidamente apaixonado. Então, terá que usar todo o seu conhecimento para convencer Francesca de que casarem-se é a coisa mais certa.
Obviamente o desejo é mútuo, mas eles terão que lidar com o fantasma de seus princípios e honra.
“Com as mãos tremendo, abriu as calças com um puxão, finalmente expondo o membro.
– Michael? – sussurrou ela.
Ela estava com os olhos fechados, mas quando ele se afastou dela, ela os abriu. Fitou-o e arregalou os olhos. Não havia como se equivocar em relação ao que estava prestes a acontecer.
– Eu preciso de você – disse ele, com a voz rouca. E quando ela nada fez além de olhá-lo fixamente, ele repetiu: - Preciso de você agora.
Mas não sobre a mesa. Nem mesmo ele era tão talentoso, então a tomou nos braços, estremecendo de ansiedade quando ela o enlaçou com as pernas e a deitou sobre o suntuoso tapete. Não era uma cama, mas não havia a menor condição de ele conseguir chegar até uma cama e, para dizer a verdade, não achava que nenhum dos dois se importaria. Ergueu a saia do vestido dela mais uma vez até a cintura e se deitou sobre ela.
E a penetrou...”
Penetrou o corpo dela e a nossa mente. Literalmente, um livro tarja preta no quesito erotismo, assim, tomem cuidado ao lerem em público, pois é inevitável reagir às cenas que Michael e Francesca protagonizam.
Outra surpresa que Julia Quinn nos faz é quando aborda a malária, um dos males daquela época, para quem viajava para países tropicais.
Como ela mesma diz em sua nota, no final do livro, “Sujeitei os personagens de O conde enfeitiçado a uma parcela não muito justa de infortúnios médicos.”
Ela explica como pesquisou sobre os males que afligiram alguns personagens e revela que parte do lucro deste livro será doada à pesquisa pelo desenvolvimento de medicamentos contra a malária.
Agora, eu pergunto, tem como ela nos fazer amá-la ainda mais??
Quando digo que um livro é surpreendente fico pensando que não haverá outro que me cause tamanha impressão. Mas então, vem Dona Julia Quinn e me nocauteia com sua maestria.
Vou ficando por aqui, desejando a todos uma sexta incrível e um final de semana maravilhoso! A gente se encontra na Bienal!
Fiquem bem e Carpe Diem!


6 comentários

  1. esse foi um dos livros que mais quis ler desde o lançamento, resgatou toda a leveza das histórias, conquistou e emocionou, amei!
    felicidadeemlivros.blogspot.com.br

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    1. Oi, Thalia!
      Concordo com você, este resgatou a intensidade dos primeiros! Amei demais também!

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  2. Amei o blog! Adorei como você falou do livro, fez eu me interessar muito por ele. Vou colocá-lo em minha lista de leitura.
    Meu blog é novo, se seguir eu retribuo
    http://meninadalivraria.blogspot.com.br

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    1. Oi, Menina!!!!!
      O livro é fabuloso mesmo!
      Estou indo lá, fazer uma visitinha!
      Beijo e obrigada por comentar!

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  3. Eu sou super suspeita para falar deste livro, ele é simplesmente perfeito como todos os outros da Julia ;) Háaa não tem coisa melhor que Bienal haha Só estou esperando vim para Brasília para me encher de mimos <3 (Meu Blog é novo se vc puder da uma olhadinha eu agradeço ;) beijos)
    http://estantedapri1.blogspot.com.br/

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    1. Oi, Pri!
      Espero que você possa logo participar da Bienal - é um evento extraordinário,k em vários sentidos. Pelo menos para nós!
      Assim que puder, dou uma conferida no seu espaço sim!
      Obrigada por estar presente e comentar!
      Beijão

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