Sexta Envenenada: Ligeiramente Escandalosos

“Acho você muito tolo.
Terrivelmente tolo.
Ainda bem que nunca nos casaremos.
Ela empinou o nariz e saiu pisando firme na direção de Eve e Aidan,
tentando se convencer de que acabara de dizer a verdade.
Odiava Joshua.
Como ele ousava ser tão nobre e tão tolo?”
Irritantemente e escandalosamente maravilhoso!



Olá, Envenenados!


Inteiros para curtir uma sexta-feira tão aguardada?
Espero que sim, pois apesar de toda essa crise que estamos enfrentando – que duvido que tenha uma solução imediata – vamos buscando meios para superar e continuarmos inteiros.
Infelizmente, nosso já tão maltratado país, desde a “descoberta”, vem sendo exposto mundialmente em seus pontos mais negativos, seja na educação, saúde, transportes, segurança e principalmente no cenário político, do qual todas as outras áreas dependem. Enfim, cabe a nós mudar o que está aí através das nossas escolhas e vigilância, precisamos mudar nossa maneira de agir quando o assunto é eleição.
Para serem eleitos, os canalhas que esfregam escândalos após escândalos em nossa cara, precisam dos nossos votos. E quando os elegemos, precisamos cobrar posturas éticas e soluções verdadeiras para os problemas do país, não nos calando quando vemos nosso dinheiro ser usado como eles bem entendem.
Ainda que pareça impossível mudar, não podemos perder a esperança, devemos continuar em busca de crescimento e dignidade para o nosso Brasil.
Hoje eu trouxe outro escândalo para comentar.
Mas dessa vez um escândalo no bom sentido: um escândalo de livro, de autora, de história, de personagens... de família.
Estou falando de Ligeiramente Escandalosos de Mary Balogh, publicado recentemente pela Editora Arqueiro.
Ligeiramente Escandalosos é o terceiro volume da série Os Bedwyns e conta a história de Freyja Bedwyn e Joshua Moore.
Freyja Bedwyn é uma mulher diferente das outras damas da alta sociedade: impetuosa e decidida, ela preza a independência e a liberdade acima de qualquer coisa – até mesmo do amor. 
Até que o destino lhe apresenta Joshua Moore, o marquês de Hallmare, um homem cheio de charme e mistério, dono de uma beleza estonteante e de uma reputação terrível. Quando ambos se encontram a caminho da pacata cidade de Bath, a química entre os dois é imediata. 
Entre encontros e desencontros, conflitos e provocações, Joshua faz uma proposta inusitada: pede que Freyja finja ser sua noiva, para evitar que uma artimanha de sua tia o leve a se casar com a própria prima. 
Para uma dupla que acha graça das convenções sociais, esta parece ser a oportunidade perfeita para se divertir. Mas a brincadeira acaba trazendo consequências inesperadas. Aos poucos, suas máscaras vão caindo e ambos se revelam pessoas bem diferentes do que aparentam. 
Neste terceiro livro da série Os Bedwyns, Mary Balogh se aprofunda ainda mais nos segredos e desejos dessa família incomum e extremamente sensual.”
Depois de sermos ligeiramente e definitivamente conquistados pelos dois primeiros romances dessa série, ficamos entre dois extremos: ou esperamos que o próximo supere, ou que seja morno, apenas completando as histórias de cada um dos Bedwyns.
No primeiro caso, achamos difícil que um livro seja tão incrível como o anterior, mas Mary Balogh parece possuir um poder mágico para contar histórias. E, no caso de Freyja Bedwyn, eu confesso que não esperava muito, justamente por ter uma personalidade muito forte, convicções bem claras e definidas, posição social muito estável e, aparentemente, não esperar que um grande amor surja em sua vida.
Enfim, cá estou eu, mais uma vez redondamente enganada!
O livro é mesmo um escândalo.
A começar pelo protagonista masculino que é um verdadeiro encanto em todos os sentidos, pela maneira como se conhecem, como têm suas vidas ligadas, mesmo contra sua vontade e mais ainda, neste volume podemos ver todos os membros da família Bedwyn reunidos e unidos por um objetivo comum.
Joshua é extraordinário, é um personagem simples e, que por isso mesmo torna-se enigmático. Suas atitudes e reações fluem tão naturalmente como se fosse alguém da vida real, e vamos descobrindo, aos poucos e bem sutilmente, suas facetas honoráveis, heroicas, surpreendentes, ao mesmo tempo que a independente e bem resolvida Freyja.
Por essas e outras é que ele é o absinto de hoje.
Tentando manter-se longe da história vivida pelo homem com quem sonhava se casar e pela mulher com quem ele se casou, Freyja busca refúgio no convite para visitar a cidade de Bath. Mas nem desconfia que essa “fuga” da realidade a fará viver situações extremamente inusitadas.
Ela acabara de sair de Leicestershire, onde visitara a avó doente e comparecera ao casamento do irmão Rannulf com Judith Law (Ligeiramente Maliciosos). Deveria voltar para casa, para Lindsey Hall, em Hampshire, com Wulfric, que era o duque, e os irmãos mais novos, Alleyne e Morgan. Mas a perspectiva de estar em Lindsey Hall naquele momento era intolerável para Freyja. Então, ela usara a única desculpa que tinha para não voltar.”
Agora, ela precisa pernoitar em uma hospedaria muito abaixo do nível a que está acostumada, para poder seguir viagem e passar alguns dias na casa de uma amiga em Bath.
Sozinha no quarto, por escolha própria, já acomodada e adormecida, é surpreendida por  um desconhecido que o invade, já que a porta não possuía tranca.
Freyja acordou sobressaltada algum tempo depois, quando a porta do quarto subitamente foi aberta e depois fechada de novo. Não tinha certeza se estava sonhando até ver um homem dentro do quarto, vestido com uma camisa branca aberta no colarinho, calça escura e meias, um casaco jogado sobre um dos braços e um par de botas na outra mão.
Freyja saltou da cama como se tivesse sido ejetada por um canhão e apontou com determinação para a porta.
– Saia daqui! – gritou.
O homem abriu um sorriso tão largo que era visível mesmo na penumbra do quarto.
– Não posso, coração – retrucou ele. – O caminho por onde vim guarda um destino cruel. Preciso sair pela janela ou me esconder em algum lugar aqui.
– Saia já daqui! – gritou Freyja novamente, sem abaixar o braço nem o queixo. – Não dou abrigo a malfeitores nem a qualquer tipo de criatura do sexo masculino. Vamos, saia daqui!
De algum lugar no andar de baixo ouviam-se passos e vozes agitadas, todas falando ao mesmo tempo. Os sons se aproximavam depressa.
– Não sou nenhum malfeitor, meu anjo – disse o homem. – Apenas um inocente que estará muito encrencado se não desaparecer rápido. O guarda-roupa está vazio?
– Saia! – Ela ordenou mais uma vez.
Mas o homem atravessou o quarto em disparada até o guarda-roupa, abriu a porta e, ao constatar que estava vazio, entrou nele.
– Me dê cobertura, coração – pediu, antes de fechar a porta pelo lado de dentro –, e me salve de um destino pior do que a morte.
Quase no mesmo instante, Freyja ouviu uma batida insistente na porta. Ela não sabia o que fazer. Então a porta foi aberta mais uma vez, revelando o estalajadeiro segurando uma vela, um cavalheiro grisalho e robusto, e um indivíduo careca e corpulento que precisava muito se barbear.”
Essa confusão toda é só o princípio de uma história que nos faz refletir sobre primeiras impressões, sobre lealdade, cumplicidade e confiança.
Mary Balogh deu vida a dois personagens nada óbvios, sem complicações, e aparentemente sem traumas para culpar suas desventuras. Eles simplesmente encaram a vida que têm, sem muitas perspectivas, sem exigências, a não ser de si mesmos.
Joshua é um jovem que foi criado na casa dos tios desde os 6 anos, após a morte de seus pais. O tio, o marquês de Hallmare tem quatro filhos, entre eles Albert, que herdaria o título e as propriedades, não fosse sua morte prematura.
Assim, Joshua acaba se tornando o herdeiro após a morte do tio.
Ao contrário do que alguns acreditam, ele não desejava nada disso, mas não tem outra alternativa, a não ser aceitar seu destino como o novo Marquês de Hallmare. Entretanto, pretende manter-se afastado da propriedade do marquesado, deixando que sua tia e primas permaneçam ali pelo tempo que desejarem, e parte para viver livremente as aventuras que encontrar.
Dono de uma beleza estonteante, ele ainda tem de bônus uma personalidade límpida, extrovertida e irreverente, haja vista a maneira como trata Freyja logo de início. E não se enganem, ele não é um conquistador barato. Pelo contrário, é tão charmoso com seus sorrisos e piscadelas que é fácil nos encantarmos por ele. Além, claro, do título e da fortuna.
Mas Freyja não faz ideia de quem seja aquele homem irritante que invadiu seu quarto. E, como ela não é uma moça convencional, também consegue conquistar nossa admiração.
Depois de expulsar os outros homens que também invadiram seu quarto, decide que jamais indicará essa estalagem a nenhum dos seus conhecidos.
David Filipiak
Freyja quase se esquecera do homem no guarda-roupa, até que a porta do armário se abriu com um rangido e ele saiu do espaço apertado. Sob a luz que entrava pela janela, ela pôde perceber que ele era um homem jovem e alto, com membros longos. E muito louro. E provavelmente tinha olhos azuis, mas não havia luz o bastante para que Freyja comprovasse sua teoria. No entanto, o que vira era o suficiente para imaginar que o homem era bonito demais. Também parecia muito animado, o que era absolutamente inadequado.
– Foi uma performance magnífica – comentou ele, pousando as botas hessianas e jogando o casaco sobre a cama extra. – Você é realmente irmã do duque de Bewcastle?
Sob o risco de parecer tediosa e repetitiva, Freyja apontou mais uma vez para a porta.
– Saia! – ordenou.
Mas ele apenas sorriu e se aproximou mais um pouco.
– Acho que não é... – disse o homem. – Por que a irmã do duque estaria hospedada num estabelecimento modesto como este? E sem uma criada ou uma acompanhante para cuidar dela? Mesmo assim, foi uma atuação fantástica.
– Consigo viver sem a sua aprovação – observou Freyja, com frieza. – Não sei o que fez que possa ser tão hediondo. E não quero saber. Quero é que saia desse quarto agora! Encontre outro lugar para se encolher de medo.
– De medo? – Ele riu e levou a mão ao coração. – Você me magoou, meu encanto.
O homem estava parado muito perto de Freyja, então era possível notar que o topo da cabeça dela mal alcançava o queixo dele. Sempre fora baixa, estava acostumada a governar o próprio mundo de uma altura abaixo do nível onde acontecia grande parte da ação.
– Não sou coração, muito menos seu encanto – disse ela. – Vou contar até três. Um.
– Com que propósito? – Ele pousou as mãos ao redor da cintura dela.
Dois.
O homem abaixou a cabeça e a beijou na boca. Os lábios dele estavam levemente abertos, o que tornou o toque íntimo, úmido, quente.
Freyja respirou fundo, jogou o braço para trás e acertou o homem com força no nariz.
– Ai! – disse ele, segurando o nariz entre os dedos e movendo o maxilar de um lado para o outro. Quando o homem retirou a mão do rosto, Freyja teve o prazer de ver que tirara sangue dele. – Ninguém lhe ensinou que, em circunstâncias escandalosas como esta, qualquer dama daria um tapa no rosto do homem, e não um soco no nariz?
– Não sou qualquer dama – retrucou Freyja, com determinação.
Ele sorriu novamente e secou o sangue do nariz com as costas da mão.”
Este sim, é um livro com muita ação, um verdadeiro conflito, mas não de armas, e sim de personalidades: Joshua descobrirá o prazer de provocar uma mulher muito singular e Freyja encontra um adversário perfeito.
Em meio a uma dessas disputas ele descobre que está para ser comprometido por uma artimanha de sua tia, para forçá-lo a se casar com sua filha. De maneira irônica, Joshua pergunta a Freyja se não estaria disposta a salvar sua pele nesse momento.
Uma vez confrontada pela tia, pouco antes desse convite, Freyja aceita a proposta, assim poderá ver a cara da tia quando anunciarem seu suposto noivado.
E é isso, meus amigos, uma história cheia de reviravoltas, de segredos revelados, de personagens fortes e de muita emoção, em todos os sentidos, está aguardando vocês, logo após essa capa linda que a Arqueiro escolheu.
Preparam-se para um misto de sarcasmo, implicâncias, confusões familiares no melhor estilo Bedwyns, revelações impressionantes e uma sensualidade envolvente.
Eu estou obviamente numa ressaca literária, pois depois desse escândalo de livro, demorei a começar outro, com receio de não ler mais nada tão bom.
E assim, deixo vocês, com uma vontade enorme de encontrar um lorde assim, como Joshua, que me provoque reações tão escandalosas!
Fiquem bem e Carpe Diem!

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