e de estar com você,
eu sempre disse a verdade.
Isso foi real,
a única coisa real que já tive.”
Fascínio, 417
Olá, Envenenados!
Estamos
de volta com mais uma Sexta Envenenada!
Finalmente,
hoje quero compartilhar com vocês uma história que me prendeu além do fim. Isto
mesmo, pois ao final do livro, comecei uma caçada desenfreada pela sequência de
Fallen Angels.
Numa
das últimas postagens desta coluna, eu falei sobre o meu desapontamento com a
história de O Rei da J.R. Ward, mas, felizmente, a autora não deixou a desejar
em Fascínio, quarto livro da série Fallen Angels, também editado pela editora Universo dos
Livros. O livro demorou para ter sua edição por aqui, mas conseguiu ser fiel e
ter a mesma qualidade dos livros anteriores.
Apesar
do título não ter o mesmo peso do original, que é Rapture (Arrebatamento), e,
para variar, de alguns vacilos na edição (concordância, gêneros, etc.), a
história sobre a disputa pela humanidade entre o Bem e o Mal ainda estremece
nossas emoções.
Por
ser o anjo responsável pelo resgate das almas nesta peleja e, claro, por seu
desempenho, Jim Heron continua sendo o absinto desta série.
Jim
tem duas conquistas nesta disputa, mas a suposta vitória de seu adversário
acabou sendo anulada pelo Poder Supremo, devido ao embuste do demônio Devina.
Com a
trapaça, ela teria arrebatado a alma de Mathias, ex-chefe de Jim nas Operações Especiais.
Mas com a anulação do resultado, ele é libertado e retorna ao mundo dos vivos,
não como um zumbi, mas como ser vivente, sem memórias, em busca da própria
história.
Aliás,
por sua trajetória no caminho do mal e por seu desempenho e transformação,
ainda que sem lembranças, Mathias também ocupa o posto de absinto revelação.
Nos
primeiros contatos com Mathias, ainda nos primeiros livros, tive a impressão de
que ele era um homem na casa dos 60 anos, que não tinha escrúpulo algum. Até
porque não teve espaço algum para descrições, apenas para sua diabólica
obsessão por eliminar seus alvos a qualquer preço.
Agora
em Fascínio, Ward nos apresenta um cara, com a mesma idade de Jim, na faixa dos
40 anos, com o porte dos militares americanos: alto, atlético, poderoso, embora
marcado pelas inúmeras cicatrizes, pela perda da visão de um dos olhos e por
claudicar.
Anos
antes, durante uma missão no deserto, Mathias tentou suicídio pisando numa
bomba que ele mesmo produziu. Isso porque ele já não suportava mais sua própria
vida se um rumo.
Como
líder das OE, ele mesmo criou as regras, assim sabe que a única maneira de
aposentadoria possível é a morte.
Como
nos demais livros, Jim está com a desvantagem de não saber quem será a próxima
alma a ser resgatada. Mas Nigel, um dos líderes dos anjos, deixa uma pista:
“Você o reconhecerá como um amigo
ou inimigo.”
Obviamente,
Jim não poderia imaginar que seu falecido ex-chefe estaria nesta nova rodada e
que a hora da decisão seria em meio a uma encruzilhada (Não! Nada de despachos
por aqui, viu pessoal!).
Como
resgatar uma alma sombria tão cheia de pecados e que, por isso mesmo, foi dada
como perdida?
É aqui
que entra Mels Carmichael: uma jornalista do Jornal de Caldwel, que está
investigando os inúmeros desaparecimentos que estão ocorrendo constantemente na
cidade.
Filha
de policial, morto em serviço, ela trabalha no mesmo jornal quem que Beth
Randal (da Irmandade da Adaga Negra) já trabalhou, inclusive com o mesmo patife
como o chefe.
Ela
deixa Nova Iorque para trás e volta a viver com a mãe em Caldwel, após a morte
do pai. Desde então, ela não tem vida social, nem relacionamentos – nem amigos,
nem amantes.
Mels
leva uma vida monótona, sem perspectivas no trabalho, até que atropela um homem
no exato momento em que passava em frente ao cemitério local.
Daí
pra frente sua vida muda radicalmente e, de forma inconsciente, ela não
consegue manter-se afastada daquele homem misterioso a quem atropelou.
Em
Fascínio, J.R. Ward é a autora que conhecemos. Talvez porque Fallen Angels não
seja tão glamorosa quanto A Irmandade da Adaga Negra, ela fica à vontade para
ser fiel aos personagens, à trama original e para construir um enredo
fantástico e tenso do início ao fim. Ainda assim, mantém a linha tênue que une
as duas séries, seja por alguma referência a algum personagem, seja por alguma
situação que permita que ambas se relacionem.
Uma
prova disso é o fato de Mels e a polícia de Caldwel continuarem intrigados com
o crescente número de desaparecimentos na cidade – fato que ocorre abertamente
na Irmandade da Adaga Negra e não parece ter muita importância, pois lá muitos
jovens são recrutados pelo inimigo dos vampiros guerreiros e fica por isso
mesmo. Só que não. Em Fallen Angels podemos ver que essa situação incomoda a
muitos que buscam uma explicação e uma solução para tudo isso.
Jim
continua sua árdua tarefa, com a ajuda de Adrian, que se torna um aliado
surpreendente e definitivo nesse quarto volume.
Ele continua
encarando a sensual Devina, um demônio que sofre de TOC e continua sua terapia
com uma psiquiatra. O que torna a história um tanto hilária, pois se até um
demônio tem os seus “demônios”, nós não deveríamos reclamar tanto dos nossos
problemas, né!?
Só que
isso não a impede seguir com suas diabruras para atingir seus objetivos. Afinal,
ela está em desvantagem e, para piorar, o único ponto que fez na partida fora
anulado. Assim, ela vem com tudo, atirando para todos os lados. Desta vez, ela
não pode vacilar, não pode perder. Para complicar ainda mais sua situação, ela cultiva uma paixão avassaladora pelo anjo que a vem deixando louca nesta
disputa.
Quanto
a Mathias, ele vai ter que lidar com a falta de lembranças e com os flashes que
vão surgindo, aos poucos, sobre quem ele era e, ainda mais difícil de aceitar,
sobre o que fazia para viver.
Desesperado com toda sua situação, ele encontra em Mels a promessa de uma vida extraordinária, onde tudo que jamais pensou desejar seria possível, mas que nunca poderia possuir..
"Endireitando-se, ele subiu no colchão e se apoiou nos joelhos. Então pegou a mão de Mels e a puxou para perto. Ele não confiava na própria voz e, afinal, não era preciso usar palavras para descrever aquilo. Ela entenderia no instante em que o tocasse. (...)
"Endireitando-se, ele subiu no colchão e se apoiou nos joelhos. Então pegou a mão de Mels e a puxou para perto. Ele não confiava na própria voz e, afinal, não era preciso usar palavras para descrever aquilo. Ela entenderia no instante em que o tocasse. (...)
Mathias perdeu-se completamente
nos movimentos de Mels e, naquela incrível desorientação, ele lambia entre os
lábios dela, indo até o fundo, enterrando as mãos nos cabelos sedosos atrás de
seu pescoço. Mais... ele precisava de mais...”
Este sim
é um livro de pura adrenalina, onde o final feliz é sempre improvável, onde
lemos cada página com o coração na mão e onde a incerteza é uma constante
durante suas 467 páginas.
O amor
nunca foi tão literalmente redentor, tão arrebatador, no melhor e mais divino
sentido da palavra.
Não vejo
a hora para ler o próximo volume, ainda mais agora que fiz as pazes com a
autora, e ver que rumo esta tórrida disputa tomará.
Até a
próxima!
Fiquem
bem, e Carpe Diem!
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